VIRA-LATA - (POEMA)


 Sou um vira-lata jogado na rua

implorando um mísero osso a qualquer mendigo

uivando à luz da lua que é descortinada pelos galhos secos de um arbusto qualquer

impelido pela infertilidade do outono tirano e severo

abandonado pelas folhas que caíram aos murmúrios do vento

sou um pobre cão sem dono

vadiando pelas ruas de Floriano

cansado de procurar o colo de alguém que nunca veio

tristonho por não ter um buraco para se enfiar

largado como um leproso debaixo da ponte

deixado por um futuro incerto cujo destino é padecer nas mãos do sofrimento

miserável cão que sou!

cão maldito, sem sorte, sem comida, sem abrigo!

deitado bem pertinho dos bêbados da cidade que perambulam pelas calçadas cantando músicas cinzentas e descoloridas

cão dos diabos, vira-lata sou, vira-lata sempre serei!

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