Sou um vira-lata jogado na rua
implorando
um mísero osso a qualquer mendigo
uivando à
luz da lua que é descortinada pelos galhos secos de um arbusto qualquer
impelido
pela infertilidade do outono tirano e severo
abandonado
pelas folhas que caíram aos murmúrios do vento
sou um
pobre cão sem dono
vadiando
pelas ruas de Floriano
cansado
de procurar o colo de alguém que nunca veio
tristonho
por não ter um buraco para se enfiar
largado
como um leproso debaixo da ponte
deixado por
um futuro incerto cujo destino é padecer nas mãos do sofrimento
miserável
cão que sou!
cão
maldito, sem sorte, sem comida, sem abrigo!
deitado
bem pertinho dos bêbados da cidade que perambulam pelas calçadas cantando
músicas cinzentas e descoloridas
cão dos
diabos, vira-lata sou, vira-lata sempre serei!
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