Prudência


        É necessário ter prudência. Seja em casa, no trabalho, na universidade ou na vida; e não me refiro à palavra prudência apenas como uma forma de policiamento para com as palavras, mas em relação às nossas ações também. Em 1807, Charles Talleyrand criou uma frase que considero excepcional, que diz o seguinte: “A língua foi dada aos homens para disfarçar seus pensamentos”. Uma das premissas para entendermos alguns pensamentos de uma pessoa é tentar compreender o contexto no qual tal pessoa vivia. Charles-Maurice de Talleyrand-Périgord foi um político e diplomata francês. Apenas com estas poucas informações já se pode chegar à conclusão de com quais pessoas ele tinha que lidar. 

Ele percebeu durante sua convivência com os demais políticos que o homem utilizava a linguagem, em sua maioria, para ocultar as suas maldades. Com isto entendemos que existe uma certa malignidade na fala de determinadas pessoas. Estamos vivendo em um século onde as pessoas estão se suicidando através da própria linguagem. Existe um termo popularizado entre os brasileiros que tem sido muito usado em nossos dias. Este novo termo é o “sinceridídio”. Embora tal termo não exista no dicionário, de acordo com os simpatizantes da palavra, tal termo significa um suicídio cometido pelas próprias palavras das quais a pessoa está falando. Sendo assim, qualquer pessoa que denigre ou “queima o próprio filme” está automaticamente cometendo um “sincericídio”. 

Até mesmo eu já cometi vários e vários sincericídios, e não só isso, como também já falei tantas idiotices das quais me arrependo até hoje. Confesso para você, meu caro leitor, que é um tanto quanto difícil segurar a língua, pois a tentação é grande. Você já teve aquela vontade de revidar alguma provocação que alguém já te fez? Já passou pela tentação de vomitar tudo aquilo que estava entalado na sua garganta toda vez que alguma pessoa extremamente hipócrita dizia algo que não condizia com a sua conduta? Pois é! Por várias e várias vezes eu passei por isso, e para ser honesto comigo mesmo, eu passo por isso até os dias de hoje. Nós falamos porque a linguagem é inerente ao ser humano, e a comunicação com outras pessoas é expressamente necessária. Embora por um lado haja uma grande porcentagem de verdade na fala de Talleyrand, por outro lado, existe uma outra porcentagem na qual discordo desse pensamento. 

Na verdade, a linguagem não foi concedida ao ser humano para ocultar suas intenções. O que nos ocorre é que, por conta de nossa natureza humana, estamos sujeitos a cometer deslizes, o que significa que a qualquer momento podemos dizer algo de que venhamos a nos arrepender depois. E como desfazer o que foi feito? Podemos pedir perdão ou pedir desculpas para a pessoa para quem dissemos tal coisa. Com a globalização das redes sociais, surgiu uma nova cultura denominada “cultura do cancelamento”. A cultura do cancelamento pode ser definida como todo ato de convencer um determinado público a não seguir uma determinada pessoa, independentemente de ser uma pessoa com grande visibilidade, ou não.

Verdade seja dita, muitas pessoas no Youtube, que é a segunda rede social mais usada pelos brasileiros, de acordo com o site mostraresultados.com.br, demonstram conteúdos ofensivos carregados de ódio, racismo, misoginia, machismo, feminismo, homofobia, fanatismo político, religioso, e todo tipo de discurso que venha menosprezar uma determinada etnia, raça ou grupo de pessoas. Embora as políticas do Youtube sejam explicitamente claras, mesmo assim, vários e vários donos de canais se comportam de maneira esdrúxula e pejorativa. Uma das notícias que mais tem alcançado visibilidade na plataforma é a notícia no que se refere aos escândalos do chamado “mundo gospel”. Recentemente temos acompanhado o caso do marido que orquestrou a morte da cantora Sara Mariano. Acredito que daqui há um certo tempo vão produzir um documentário que traga o número máximo de detalhes sobre o caso.

Ser prudente não é algo fácil. Do contrário, o mundo seria bem melhor. A verdade é que muitas pessoas estão se deixando corromper por suas maldades, pois como eu já disse: “Diante de Deus somos todos vilões condenados”. Precisamos agir com prudência para que o mundo seja de fato um lugar melhor. Não falo isso como quem já alcançou a perfeição, pois a perfeição vem exclusivamente de Deus. Apenas digo isso porque o ser humano precisa viver em paz consigo mesmo e também com os demais que estão à sua volta. Que tal sermos mais prudentes?


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