ADMIRÁVEIS - [MICROCONTO]


  Amanda estava sentada no banco da praça chorando amargamente. A noite anterior havia sido cruel, pois seu pai e sua mãe haviam-na expulsado de casa. Enquanto suas lágrimas caíam, outra menina mais ou menos da mesma idade fora tomada por uma grande comoção a ponto de ir até ela e levá-la para casa. Assim que chegaram em casa, outra menina de cabelos ruivos estava mexendo na lata de lixo, pois assim como Amanda, ela também estava só neste mundo insalubre.
 No entanto, diferentemente de Amanda, ela havia perdido sua família em um assalto num banco. A garota que acolhera Amanda, e que se chamava Paula, convidou a pobre menina, a qual se chamava Bentinha, para almoçarem juntas. Depois de almoçarem, Paula levou suas novas amigas até o hospital do câncer infantil. Lá, entre as crianças cativas pela enfermidade, estava uma menina por nome Érica. Sua pele era negra como o cacau, e ela exalava um aroma semelhante ao jasmin. As meninas aproximaram-se dela e conversaram sobre muitas coisas. O relógio já indicava 15:30 da tarde e Paula tinha de retornar para casa. Juntamente com Amanda e Bentinha, elas se despediram de Érica. No caminho de volta para casa, elas depararam-se com uma menina estirada no chão debaixo de sua bicicleta azul, com os joelhos ralados. As meninas ajudaram-na a levantar-se. A garota acidentada disse-lhes que seu nome era Mônica e explicou-lhes a situação dizendo que a corrente havia caído da bicicleta.
  Paula aconselhou-lhe a levar a bicicleta para a oficina e fazer uma revisão. Só assim a probabilidade de Mônica se machucar minimizaria significativamente. Assim que as três chegaram em casa, viram outra menina cujo nome era Maria. Ela estava tentando abrir uma lata de doce de leite, no entanto, seus esforços eram inúteis. Amanda era a mais forte de todas. Então ela se ofereceu para abrir a lata de doce de leite. Após abrir o objeto, ela devolveu-o para menina. Ela agradeceu e assim entrou de volta para casa. Quando Paula, Amanda e Bentinha entraram em casa, os pais de Paula perguntaram-lhe quem eram aquelas duas meninas. 
   Ela, com o coração apertado, explicou-lhes a situação e implorou-lhes para que deixassem elas dormirem pelo menos aquela noite. Os pais, conformados, aceitaram a condição e levaram Amanda e Bentinha para o orfanato no dia seguinte. Paula sentira-se tão só quanto um peixe num aquário pequeno. De repente, eis que alguém bate à porta. Era Margarida, sua amiga de infância. Margarida disse para Paula que estava com dificuldade em Matemática. Paula disse que certamente iria ajudá-la. Depois que elas fizeram a lição de casa, Paula foi visitar sua prima Alice. Para o seu descontentamento, ela estava com febre alta e não podia sair de casa para brincar com ninguém.
   Ela foi até a praça e ficou sentada sozinha no banco. Enquanto refletia sobre o dia anterior, eis que ela ouviu algumas notas musicais. Era uma menina cega de ambos os olhos. Ela usava um vestido azul e manejava um violino finíssimo de marca. A melodia começara a chamar a atenção de Paula. Sendo assim, ela aproximou-se para apreciar a música. Os adultos passavam por ela desinteressados, de vez em quando, alguns colocavam uma mísera esmola na cestinha florida. Paula não quis incomodar a pobre menina, embora quisesse saber seu nome. Enquanto caminhava distraidamente, seu pé tropeçou. Antes que ela caísse, outra menina impediu-a de cair. Letícia era o seu nome. Paula, meio constrangida, agradeceu e seguiu o caminho de volta para casa. Seus pais estavam trabalhando, e Paula já era bem grandinha para se virar sozinha.
   Ao chegar em casa, Paula foi para o seu quarto e começou a chorar. De tanto chorar, ela acabou pegando no sono. O relógio indicava meio-dia, e seus pais demoraram para voltar. A menina continuava a dormir, pois sua tristeza era tão profunda que ela se esquecera do almoço. O sol da tarde reluzia os pequenos olhos de Paula. Depois de um certo tempo, eis que um ronco de motor de carro acordara a pobre garota. Ao descer da cama, ela calçou suas sandálias e foi para o lado de fora da casa. O carro estava com os vidros fechados, e parecia haver uma terceira sombra do lado de dentro. O pai de Paula fora o primeiro a descer. Ele foi até o outro lado para abrir a outra porta. Ao abrir, a mãe de Paula descera lentamente com uma menina do mesmo tamanho dela. Os olhos dela começaram a transbordar em uma mistura de alegria e um tom de saudade. A menina também olhou para ela com lágrimas nos olhos. Então Paula exclamou: "Joana!". Elas correram, uma ao encontro da outra, e se abraçaram carinhosamente. O coração da mãe de Paula batia de tanta emoção. O pai foi até elas para abraçá-las. Joana era a irmã mais nova de Paula. Ela fora sequestrada e ficara quase um ano desaparecida. Após um longo trabalho realizado pela polícia de Floriano, ela finalmente fora encontrada. Depois de muitas lágrimas derramadas, Paula abraçou sua irmã Joana e a conduziu para dentro de casa dizendo-lhe: "Bem-vinda de volta!". Joana devolveu-lhe o gesto com um sorriso resplandescente e lhe disse: "É bom estar de volta!".

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