Acredito que vai sobrar pra mim também. Brincadeiras à parte, vamos para o tema. Um filósofo iluminista chamado Voltaire dizia a seguinte a frase: “O orgulho dos pequenos consiste em falar de si mesmos. O dos grandes, em nunca falar de si”. Pela linha de pensamento do autor compreendemos que todos nós estamos contaminados por esse sentimento. De acordo com o dicionário de Língua Portuguesa, a palavra orgulho significa sentimento de prazer ou grande satisfação com o próprio valor ou honra. Esta mesma palavra é derivada do latim “supervia”, “fastus” ou “cathurnus”, que quer dizer soberba. Levando em consideração a definição do dicionário, tirando aqueles que sofrem de depressão ou que têm uma autoestima baixíssima, nós, os demais, somos orgulhosos, pois segundo o próprio dicionário, uma pessoa orgulhosa é uma pessoa que tem o seu valor em grande estima. Este é o orgulho que eu chamo de ‘orgulho saudável’. No entanto, existe o ‘orgulho excessivo’, que a psicologia classifica como ‘narcisismo’. De acordo com a psicanálise, o narcisismo é um transtorno de personalidade onde pessoa apresenta megalomania (mania de grandeza). Uma pessoa narcisista, geralmente: considera-se o “centro das atenções”, não aceita opiniões que vão contra as opiniões particulares dela, adora falar de si mesma, gosta de fazer comparações, faz elogios constantes e exagerados de si mesma, gosta de reprimir os outros, não tem empatia, tem necessidade de adulação e não aceita ser abandonada.
Se você não conhece a origem dessa palavra, vamos recorrer um pouquinho à mitologia grega. Narciso era um belo caçador grego, filho de um deus com uma ninfa. Portador de uma beleza como nenhuma outra, um oráculo explicou que o menino nunca deveria ver seu reflexo. Por conta da sua beleza, Narciso tinha diversas pretendentes, mas ignorava todas as mulheres, julgando-as como “não merecedoras” de sua atenção. Entretanto, um dia, o jovem viu sua imagem nas margens do rio, apaixonando-se perdidamente pelo próprio reflexo. Para alcançar seu amado, Narciso se afogou nas águas, o que causou sua morte. Através de esta estória ser fictícia, eu a considero uma lição grandiosa, pois com isso entendemos que uma pessoa narcisista se afoga em seu próprio egoísmo. Charles Bouchoux, autor de Les Pervers Narcissiques (Os Perversos Narcisistas), que acaba de ser traduzido para o espanhol e vendeu mais de 250.000 exemplares na França afirma a seguinte frase: “Há um aumento do narcisismo porque agora a imagem conta mais do que o que fazemos e porque queremos ter muitos êxitos sem esforço”. Com o advento das redes sociais, muitas pessoas têm se tornado meras “marionetes” nas mãos desse transtorno. A busca pelo sucesso imediato, a foto perfeita, o corpo bonito, o maior número de visualizações, a ansiedade de tornar-se uma pessoa mundialmente famosa. Estamos de fato na era do narcisismo. Basta lembrar-se das atrocidades que Flordelis cometeu, e depois de tudo, perante as câmeras ela exclamava em alta voz: “Eu quero justiça! Eu quero justiça!”. Outra coisa que é necessário dizer é que, no meio religioso, o narcisismo tem se mostrado como um estilo de vida extremamente aprovado por líderes e fiéis de determinadas igrejas. Não podemos, é claro, considerar o todo por uma pequena parte. No entanto, a situação está tomando tais proporções entre os cristãos. Certo pastor cujo nome não posso mencionar aqui, pois não tenho dinheiro para pagar advogado, recebeu o microfone e começou a falar. Os fiéis começaram a dizer: “Glória a Deus”. Pra quem não estuda a linguagem e o comportamento humano, esta frase permanece com um sentido expressamente normal. No entanto, levando em consideração que o tal pastor era famoso no meio gospel e que era bastante conhecido por ter uma voz extremamente grave e aveludada, ao analisar aquele contexto, eu cheguei à conclusão de que o “Glória a Deus” que os irmãos diziam não era realmente “Glória a DEUS”, mas sim “Glória ao homem”. Já que me considero cristão, aproveito a oportunidade e tomo a liberdade de dizer a mesma coisa que João Batista dizia em João 3:30v: “É necessário que eu diminua, e que ELE cresça”. A glória é de Deus. A honra é pra Deus. O louvor é pra Deus. Deus não divide a sua glória com nenhum ser humano. Podemos até ter orgulho de quem nós somos, do que conquistamos e de quem nós temos ao nosso lado, mas a glória pertence somente a Deus por meio de Jesus Cristo. Como diz lá no livro de Romanos, capítulo de número 11, versículo de número 36: “Por que d’Ele, e por ELE, e para ELE são todas as coisas”. Agora que você já leu este texto qual será o seu posicionamento daqui pra frente?
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