O Tempo

                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                     


  Às vezes o tempo está do nosso lado. Em outras ocasiões ele está contra nós. Acredito que em algum determinado momento de nossas vidas já nos comportamos como escravos do tempo. Sempre que temos acesso às horas olhamos para o relógio e matamos a nossa curiosidade carregada de ansiedade para ver as horas. Mas, afinal de contas, por que olhamos para o relógio? O que nos motiva a olhar para ele? E o que ganhamos ao olharmos para ele? Acredito que, dependendo de pessoa para pessoa, o ato de olhar para um relógio seja um ato de pura ansiedade. Outros olham para o relógio por pura curiosidade. Outros fazem isso apenas por capricho. São vários os motivos que levam uma pessoa a espiar os ponteiros de um relógio. Ansiedade, curiosidade, vaidade, capricho, falsidade, etc. Millôr Fernandes, escritor e jornalista, dizia a seguinte frase:  "Quem mata o tempo não é assassino, mas sim um suicida." Isto quer dizer que não podemos agarrar as oportunidades que já se foram, e por conta disso, destruímo-nos a nós mesmos. 

    Verdade seja dita, cada pessoa tem a sua própria forma de aproveitar o tempo. Eu não quero e nem tampouco pretendo cometer a ousadia de dizer a você qual é a melhor maneira de se aproveitar o tempo. Primeiro, por que não sou dono de ninguém. Segundo, por que não gosto de dar palpites na vida particular de ninguém. E terceiro, por que mal consigo mandar em mim, quanto menos nos outros. No entanto, nem sempre é possível fazer aquilo que nós queremos, assim como nem sempre podemos estar em um determinado lugar que desejamos, assim como nem sempre podemos estar com quem queremos. São 365 dias no ano. Com certeza dá pra fazer muita coisa boa. Acredito que se todos tivessem um mesmo estilo de vida, o mundo seria igual àqueles filmes do gênero ficção científica onde vários robôs executam os mesmos comandos. Durante a vida, nós abraçamos nossos familiares, pedimos desculpas para aqueles que magoamos, planejamos viagens, fazemos projetos, construímos famílias, estudamos, dançamos, brigamos, discutimos, pensamos, fazemos, sonhamos, choramos e nos despedimos. No entanto, cada segundo de nossas vidas se torna precioso. Aqui vai um dado científico para abrilhantar este texto. De acordo com o site terra.com.br, cerca de 56% dos brasileiros têm dificuldade para equilibrar a vida pessoal e profissional. Isto significa dizer que a maioria das pessoas está desnorteada. Quando você vai numa livraria, a quantidade dos livros é tão grande que você acaba se sentindo perdido(a). Quando você liga a televisão você procura vários canais e chega à conclusão de que não tem muita coisa interessante pra assistir. Este é o mundo que se apresenta diante de nós. Não estou dizendo aqui que a diversidade sempre é ruim, pois verdade seja dita, seria muito chato se você encontrasse um livro só em uma livraria, assim como seria chato você ligar a televisão e somente um único canal passasse em rede aberta. Existem várias maneiras de se aproveitar o tempo. Você pode fazer novas amizades, brincar com sua família, visitar outros parentes, ir a um cinema, escrever um poema, aconselhar uma pessoa triste, aperfeiçoar os seus estudos, comprar uma roupa diferente, visitar um zoológico, assistir a um filme, escutar uma música, conversar com as pessoas pelas redes sociais, e etc. 

    De modo geral, dá pra fazer muita coisa. No entanto, quando você está triste, o relógio está dizendo: “Tic-tac!”. Quando você fica doente, o relógio diz: “Tic-tac!”. Quando você está assustado(a), o relógio diz: “Tic-tac!”. Quando você perde a alegria, o relógio diz: “Tic-tac!”. Quando você perde alguém que você ama, o relógio diz: “Tic-tac!”. Quando você perde o emprego, o relógio diz: “Tic-tac!”. Quando você se sente sozinho(a), o relógio grita: “Tic-tac!”. Quando você é traído(a), o relógio grita: “Tic-tac!”. Quando você se perde no meio do caminho: o relógio grita: “Tic-tac!”. Quando você perde a fé, o relógio grita: “Tic-tac!”. Quando você perde o amor, o relógio grita: “Tic-tac!”. Quando você sente agonia, o relógio grita: “Tic-tac!”. Quando você não consegue dormir, o relógio grita “Tic-tac!”. Quando você não vê um motivo para viver, o relógio grita: “Tic-tac!”. Quando você perde a visão, o relógio grita: “Tica-tac!”. Quando o céu escurece, o relógio grita: “Tic-tac!”. Quando você perde a vida, o relógio grita: “Tic-tac!”. 

    Mas quando você perdoa, o relógio canta: “Tic-tac!”. Quando você acolhe alguém, o relógio canta: “Tic-tac!”. Quando você planta uma semente, o relógio canta: “Tic-tac!”. Quando você alimenta um necessitado, o relógio canta: “Tic-tac!”. Quando você ajuda um idoso, o relógio canta: “Tic-tac!”. Quando você sorria para uma criança, o relógio canta: “Tic-tac!”. Quando você aconselha um perdido, o relógio canta: “Tic-tac!”. Quando você abandona o egoísmo, o relógio canta: “Tic-tac!”. Quando você valoriza a vida, o relógio canta: “Tic-tac!”. Quando você descobre uma ideia, o relógio canta: “Tic-tac!”. Quando você escreve um poema, o relógio canta: “Tic-tac!”. Quando você faz o bem, o relógio canta: “Tic-tac!”. Quando você intercede pelos outros, o relógio canta: “Tic-tac!”. Quando você agradece, o relógio canta: “Tic-tac!”. Quando você respeita o próximo, o relógio canta: “Tic-tac!”. Quando você vive a vida, o relógio canta: “Tic-tac!”.

    Como eu disse antes, é preciso valorizar o tempo. Se você tocar no rio com a mão e levar a água até o peito, a água que você pegou escorrerá entre pelos dedos até não restar mais nenhuma gota. Da mesma forma é a vida humana. O que de fato determinará se aproveitamos a vida da maneira correta são as nossas atitudes ao longo da caminhada. Tem uma frase muito interessante que é mencionada no filme Sociedade dos Poetas Mortos. Essa frase de Henry David Thoreau diz o seguinte: “Eu fui à Floresta porque queria viver livre. Eu queria viver profundamente, e sugar a própria essência da vida... expurgar tudo o que não fosse vida; e não, ao morrer, descobrir que não havia vivido”. Como dizem os nossos antecessores: “A vida é curta”. O tempo trabalha a serviço do Criador. Creio, em suma, que existe um propósito plausível para cada coisa que acontece em nosso mundo. Mesmo que vivêssemos uma eternidade, ainda assim não teríamos todas as respostas, pois somos finitos, limitados e frágeis. O nosso papel é apenas viver um dia de cada vez. Queremos ficar. Ninguém quer partir. Mas a batalha contra a morte é uma guerra perdida. Esta é uma tragédia da qual nenhum ser vivente consegue escapar. Nem mesmo o próprio Cristo, sendo Ele quem Ele foi, escapou da morte. Como dizia Renato Russo na canção “Pais e Filhos”: “Sou uma gota d’água. Sou um grão de areia.”. É preciso reconhecer a própria finitude. É preciso reconhecer que temos limites. Do contrário, estaremos pagando mico fazendo os outros de trouxas com nossas mentiras e fantasias. Não sou nenhum super-herói. Sou apenas um humilde observador deste mar de gotas infindáveis. Haverá um dia em que o tempo nos dirá: “GAME OVER!”, (“JOGO ACABADO!”). Mas também haverá um dia em que que a vida nos dirá: “CONGRATULATIONS!”, (“PARABÉNS!”). É preciso saber viver. Tem coisas que só o tempo pode apagar. Tem coisas que só o tempo pode revelar. Tem mágoas que só o tempo pode cicatrizar. E tem coisas que só o tempo pode afastar. Às vezes ele é um vilão. Outras vezes, um herói. O que sei, é que enquanto houver tempo, e enquanto houver vida, há esperança. De agora em diante, como você pretende aproveitar o seu tempo?


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