Sincericídio


    Diferentemente da sinceridade, que é algo bom, o sincericídio é um novo termo que está sendo usado em nossos dias atuais. De acordo com pesquisas realizadas na internet, o sincericídio é toda vez que alguém faz uma exposição baseada em sua interpretação individual sem considerar o que o outro sente ou pensa. A pandemia provocada pela COVID-19 não só afetou a área da saúde, do trabalho e dos estudos, como também afetou a linguagem das pessoas. Isso por que as pessoas já não podiam sair de suas casas para visitar seus parentes, amigos e vizinhos. No entanto, esse problema de linguagem sempre existiu. Temos um arquétipo do sincericídio presente em um dos maiores seriados que já passou na televisão brasileira: A Turma no Chaves. Dentre os personagens cativantes, o protagonista Chaves, com seu jeito maroto de ser, cometia o tão chamado ‘sincericídio’ durante várias vezes. Toda vez que ele fazia isso ele olhava para baixo meio sem graça, alisava a roupa e dizia a seguinte frase: “Me escapuliu”.

Não somente temos exemplos no mundo do entretenimento como também na vida real. Certo candidato, em tempos de eleições, fez um discurso que prejudicou a sua própria imagem, pois durante o discurso, ele falou as seguintes palavras: “Eu sei que todo político rouba. Isso não tem como evitar. Mas mesmo assim me deem seu voto de confiança, pois prometo fazer o meu melhor para ajudar o meu povo”. Nem é preciso dizer a vergonha que ele causou a si mesmo. Em outra ocasião, certo homem que estava demasiadamente bêbado foi ao velório de minha prima. Ao entrar na casa dela, ele aproximou-se do caixão, abaixou o rosto para falar ao defunto como se estivesse olhando-o no olho e disse as seguintes palavras: “E agora, meu amigo? Quem é que vai me ajudar a matar as muriçocas lá de casa?”. O constrangimento entre as pessoas que estavam presentes no velório foi tão grande que até a minha prima ficou sem jeito. Até mesmo eu já cometi sincericídio. Em um dia de culto, me deram oportunidade para falar ao microfone. Assim que eu peguei no microfone fui logo dizendo que se alguém quisesse me criticar aquela era a oportunidade adequada, pois eu confessei meu pecado diante da igreja. Eu disse pra todos os irmãos e irmãs que estavam ali presentes que eu amava minha mãe mais do que a Deus. Muitos ficaram escandalizados com o que eu disse, mas mesmo assim eu não me importei, pois eu tinha consciência do que eu estava fazendo.

Sincericídio nem sempre tem a ver com o cancelamento ou a anulação da própria imagem, pois como vimos no início do texto, o sincericídio é toda vez que proferimos as palavras sem nos importarmos com os efeitos negativos que elas podem causar em outros. A junção das palavras ‘Sinceridade + Suicídio’ formam a palavra “Sincericídio”. Para não ficarmos apenas em minhas palavras, de acordo com o site catho.com.br, veremos 10 dicas para melhorar a nossa comunicação.


1. Faça contato visual;

2. Gestos;

3. Direto ao ponto;

4. Ouça antes de falar;

5. Faça mais perguntas;

6. Leia;

7. Escolha o meio certo;

8. Não interrompa;

9. Pratique na frente do espelho;

10. Crie vínculos.

   O cientista, médico e antropólogo francês Pierre Paul Broca descobriu a parte do cérebro que é responsável pela linguagem. Lelong era um de seus pacientes. Ele não conseguia dizer muitas palavras. As palavras que ele costumava dizer eram ‘sim’, ‘não’, ‘três’ e ‘lelo’ (uma pronúncia incorreta de seu próprio nome). Uma lesão no lobo frontal lateral foi descoberta durante a autópsia de Lelong. Leborgne era paciente de Broca. Aos 30 anos, ele era quase totalmente incapaz de produzir palavras ou frases. Ele foi capaz de produzir repetidamente apenas a palavra ‘temps’ ("tempo"). Após sua morte, uma lesão neurossifilítica foi descoberta na superfície do lobo frontal esquerdo. Estes dois casos levaram o médico francês a acreditar que a fala estava localizada nesta área específica. O pensador austríaco Ludwig Wittgenstein dizia a seguinte frase: “As fronteiras da minha linguagem são as fronteiras do meu universo”. E o que isto significa? Significa que sou eu mesmo que determino os limites daquilo que eu falo. É preciso entender que existem consequências para tudo aquilo que dizemos para as pessoas, e essas consequências podem ser boas ou ruins.

    Eu costumo praticar algumas coisas que me ajudam a desenvolver uma boa comunicação. É preciso esclarecer que todo ser humano em algum momento de sua vida fala bobagens. Eu particularmente falo bobagens todo dia. Confesso que sou muito vaidoso com a minha voz, pois gosto muito dela e sou grato a Deus pelo benefício de poder usá-la. Portanto vou deixar a minha lista pessoal com as minhas dicas de como desenvolver uma linguagem saudável.


1. Grave a sua voz no celular;

2. Escreva um diário todos os dias;

3. Afaste-se de ambientes tóxicos;

4. Assista entrevistas;

5. Escute programa de rádio;

6. Observe a conversa de outras pessoas;

7. Leia um dicionário;

8. Pratique a leitura;

9. Participe de rodas de conversa;

10. Estude a Língua Portuguesa;

11. Repense suas atitudes e suas palavras.

    De modo esclarecedor, é preciso tomar sempre o cuidado com as próprias palavras, pois elas podem ser usadas contra nós mesmos. Sempre aparecerá a tentação para dizermos algo que nos prejudicará mais tarde. A verdade é que até os mudos tropeçam em suas palavras, pois eles também se comunicam através da LIBRAS (Língua Brasileira de Sinais). E então? Vamos moderar a linguagem?  


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