Confissões de um Lobo Solitário - PARTE #3


     Eu odiava minha irmã. No começo, eu a admiriva, pois eu era apenas uma criança inocente e não compreendia meus próprios sentimentos. Com o passar dos anos, passei a considerá-la uma pessoa chata e insurpotável. Ela foi minha professora de aula de reforço até o 7º ano do Ensino Fundamental, pois naquela época o mesmo tinha apenas 8 séreis. Uma vez, enquanto ela estava me dando aquela velha bronca de irmã, senti meu sangue esquertar de vez e acabei lhe dando um tapa certeiro na cara. Ela ficou encolerizada e em seguida me encarou de perto olho no olho. Fiquei tão traumatizado com aquele olhar que depois de ter respondido às questões da atividade escolar eu fui para a cama e fiquei chorando, sendo que o verdadeiro monstro era eu pelo fato de ter lhe dado um tapa. Além disso, também já roubei dinheiro dela. Era uma cédula de 5 reais. Fiz de tudo para esconder o dinheiro, mas não consegui. Quando minha mãe descobriu que tinha sido eu quem a havia roubado ela me deu umas chineladas. Um de meus irmãos ficou com ódio de mim e colocou-me para escutar o CD com a narração da História de Abraão, na voz do saudoso Cid Moreira. Como se isso fosse mudar o meu caráter. Pelo menos, aquela foi a primeira e última vez que eu roubei a minha irmã. Éramos como cão e gato. Gritávamos um com o outro. Eu xingava ela de todos os nomes horríveis que você possa imaginar. Tinha vezes em que eu tinha até vontade de matar ela. Ao que parece, eu já tinha inclinação para o distúrbio Narcisista e para a maldade também. Ela amava cachorros. Ela cuidou muito bem do Lobinho, do Bolinha, da Sasha, e do Jack. Quando eu estava na casa dela em São João dos Patos (Maranhão), uma vez eu travei uma luta física com ela. Ela dormiu vendo estrelinhas. A Sasha, cadela da qual minha irmã cuidava na época, foi empurrada por mim do alto de uma escada de tijolos. Era a escada que fazia a intermediação entre a cozinha da casa e o quintal. Cheio de malícia, empurrei-a com o pé fazendo-a cair no chão e quebrar as 4 patas. O inferno seria um lugar muito superficial para eu passar a eternidade. Eu mereço coisa pior.

        Quando minha irmã perdeu o primeiro filho dela, ela ficou muito debilitada. Tão debilitada que minha mãe teve de acompanhá-la durante um bom tempo no hospital. Depois de receber alta, ela veio de Teresina passar uns dias aqui em casa (Floriano). Minha mãe me pedia para observá-la direto. No entanto, houve um dia em que eu saí de casa de deixei-a sozinha intencionalmente. Ele desmaiou e ficou no chão por um bom tempo. Assim que eu chegei em casa eu vi minha mãe tentando segurar a minha irmã e pedindo-me que eu a ajudasse a levantá-la. Fiz um teatro na frente de minha mãe e de minha irmã, como se eu me importasse com ela. Acredito que, de todos, ela foi a pessoa de nossa família que mais sofreu. Hoje em dia, somos grandes irmãos. Ela me perdoou pro tudo o que eu lhe fiz. Isso não muda o passado, mas pelo menos me deixa um pouco aliviado, pois minhas lembranças ainda me atormentam de vez em quando. Ela sempre foi a pessoa mais gente boa de todos nós da família, não há como negar. Peço a Deus que abençoe sempre o trabalho dela e que ela viva o bastante para ver os seus filhos se formarem e trabalharem. O que eu fizer nesta vida para compensá-la ainda é pouco. Agradeço a Deus por ter uma irmã como ela. Ela é uma mulher exemplar e formidável. Uma professora que sempre se dedicou ao trabalho como professora. Sinto-me feliz por tê-la como irmã. Por isso, considero-me uma pessoa privilegiada.

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