Cartas de baralho espalhadas na mesa. Vários esqueletos sentados e encostados no balcão. Entre caveiras estava mais um esquelo, porém, solitário. Ao som da música, damas e cavalheiros acompanhavam o ritmo da dança. O zelador do bar tentava fazer o seu trabalho, como sempre. Olhando para todos aqueles esqueletos alegres, o esqueleto decidiu sair do bar e assim foi para a praça. Já era mais de meia-noite, e aquela pobre criatura estava sozinha. Depois de atravessar a rua, ele olhou para um lado e viu um salão de eventos onde geralmente se comemorava aniversários. O esqueleto achou uma boa ideia participar da festa e assim entrou. Para a sorte dele, a entrada era gratuita. No salão havia vários esqueletos, damas e cavalheiros bem trajados, dançando e flertando uns com os outros. Embora a pobre caveira não tivesse coração, o miserável esqueleto sentiu-se menosprezado. Ele foi até o bar-man e pediu-lhe a bebida mais forte que tinha em seu estoque. O bar-man foi logo pedindo o pagamento. O esqueleto apalpou os bolsos e tirou todas as moedas. Depois de pagar o bar-man, ele começou a beber compulsivamente. Alguns minutos depois, já tomado pela embriaguês, ele começara a relembrar dos momentos em que era apenas um pequeno esqueleto estudante. Todas as suas tentativas de arranjar uma namorada foram em vão. Só de relembrar tais memórias, seus ossos pareciam descalcificar-se. Então uma jovem dama, com sua estrutura esquelética bem aparentada, sentou-se ao lado do pobre esqueleto solitário e lhe dera boa noite. O esqueleto ficara apenas observando a dama esquelética com sua graciosidade e beleza. Ela olhou para ele e começou a puxar assunto. O esqueleto, ora gaguejava, ora ficava sem argumentos, tentava causar uma boa impressão. Vendo que estava sem companhia, ela chamou-lhe para dançar. O esqueleto aceitou e encostou-se no corpo dela. Luzes de todas as cores enfeitavam o salão. A música soava agradavelmente. O jovem esqueleto olhara bem nos olhos da dama esqueleto. A mágica aconteceu instantaneamente. Em questão de segundos, ambos estavam se beijando apaixonadamente. No dia seguinte eles se encontraram na praça central da cidade e tomaram sorvete. No outro dia, eles passearam pela ponte, cada um peldalando em sua própria bicicleta. E à cada dia eles faziam algo diferente. Depois de seis meses eles marcaram o dia de seu casamento. O padre realizou a cerimônia e os dois saíram da igreja enquanto os convidados jogavam arroz nos noivos. À noite, os recém-casados foram para o lugar onde haviam se conhecido. E assim viveram eles e se amaram sem que a morte os separasse, afinal de contas, eles já estavam mortos mesmo.

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