O SEDUTOR - [MICROCONTO]


     Entre páginas marcadas e um café delicioso na mesa estava Maria lendo o seu romance. Ela era universitária e fazia curso de direito na melhor universidade do Estado. Depois de alguns segundos, um homem entrou pela porta da cafeteria. Sua aparência era irresistível e ele tinha um bom gosto para se vestir. Os olhos de Maria foram atraídos pela presença do jovem rapaz. Enquanto ele fazia o seu pedido ele aproveitava e olhava sorrateiramente para ela com um sorriso ocultado. Maria sentiu-se constragida e desviou o olhar imediatamente. Depois de ter feito o pedido, ele segurou o copo de café e saiu tranquilamente. De fato, aquele jovem rapaz fazia o tipo de Maria, mas ela não sabia exatamente se ela estava preparada para reencontrá-lo. Dois meses se passaram e Maria continuou a frequentar a mesma cafeteria. No entanto, o rapaz não aparecera mais por lá. Ela seguiu para a estação e pegou o metrô de volta para casa. Caminhando entre os passageiros, ela apoiou-se no corrimão do metrô. Sua mente estava preocupada com as atividades da universidade. A frente dela estava um homem que aparentemente tinha o mesmo porte do rapaz que ela houvera visto na cafeteria, mas quando ele virou o rosto, Maria sentiu-se decepcionada. Chegando em casa, ela entrou no apartamento e pegou o elevador em direção ao andar onde seu quarto ficava. Depois de ter jantado, ela deitou-se na cama e continuou a ler o seu romance. Depois de alguns minutinhos, alguém clicou na campainha. Maria ficara com uma incógnita na cabeça, pois ninguém costumava visitá-la. Ela levantou-se e abriu a porta. Seus olhos ficaram arregalados, pois era o lindo rapaz que aparecera na cafeteria. Ele apresentou-se dizendo o seu nome. Pedro era o nome dele. Ele convidou-a para ir à igreja, pois se dizia evangélico. Maria aceitara o convite e foi com ele. Eles iam em todos os cultos durante a semana. Em questão de um mês, Maria apaixonou-se desesperadamente por Pedro. Eles iam para os melhores restaurantes, cinemas e sorveterias, inclusive para a casa de Pedro. Maria perdeu a noção do tempo e chegava atrasada quase todos os dias na universidade. Havia dias em que ela nem ia, apenas para transar com Pedro no quarto dela. Eles trocavam milhares de mensagens pornográficas no whatsapp e trocavam nudes constantemente. Maria já havia se tornado fiel da igreja que ela e Pedro frequentavam. Houve um dia de culto em que Pedro não fora. Assim que o culto terminara, a esposa do pastor chamou-lhe em particular. A cabeça de Maria transformou-se em uma granada, pois a postora dissera-lhe toda a verdade. Pedro havia transado com todas as irmãs da igreja, incluindo aquelas que eram casadas. Maria conteve o choro como Cristo segurou a cruz. Ao chegar em casa, ela desmoronou-se em cacos. O ódio e o ressentimento apoderaram-se de seu coração. Ela mandou uma mensagem de áudio no whatsapp para Pedro vomitando tudo o que estava entalado em sua garganta. Em seguida, ela bloqueou o número dele e apagou o contato. No dia seguinte, uma ideia intrigante se passara pela sua cabeça. Ela, então, faltou a aula e fez alguns exames de sangue. Uma semana depois ela foi até a clínica para saber o resultado. Para a sua grande desgraça, o resultado dera positivo para o HIV. Maria fez uma ligação para o seu pai, o qual morava em outra cidade. Depois de lhe contar tudo, o pai de Maria pediu-lhe o endereço do tal rapaz que a destruíra por dentro e por fora. O pai dela contratou um assassino e pagou-lhe uma boa quantia em dinheiro. O assassino viajou até a cidade onde Maria morava. Chegando lá bem cedo pela manhã, ele foi até o endereço onde ficava a casa de Pedro, saiu do carro, aproximou-se da porta e clicou na campainha. No entanto, quem aparecera fora a mãe de Pedro. O assassino efetuou 6 disparos. Três na cabeça e três no coração. O assassino saiu correndo, entrou imediatamente no carro e deu o fora. Pedro estava num motel, com uma das irmãs da igreja. Assim que ele chegou em casa, os vizinhos avisaram-no de que sua mãe havia sido levada para o necrotério. Depois que sua mãe fora enterrada, Pedro retornou para casa, preparou uma corda e enforcou-se. No dia seguinte passara na televisão a notícia sobre o suicídio de Pedro. Maria estava na cafeteria tomando o seu delicioso café e lendo o seu romance. Seus olhos foram atraídos pela narrativa do noticiário. Ela olhou mais uma vez para a xícara de café, deu um belo de um gole e puxou um sorriso no canto da boca.

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