Decifrando o autor Ubiratan Rodrigues


  Decifrar o código ou a senha de um computador por si só já é uma tarefa difícil. Agora tente imaginar o quão difícil é decifrar a alma humana. Como dizem os escritores: "O autor revela sua biografia através de sua obra". É certo que não temos como descobrir todas nuances ou segredos que permeiam a psiquê humana. No entanto, é possível observar e atentar para os pequenos detalhes presentes em uma determinada obra no intuito de encontrar algumas características da personalidade humana. Por exemplo, você sabia que o autor do conto "O Patinho Feio", Hans Cristian Andersen, considerava-se feio pelo fato de ser alto, magro e desajeitado entre seus colegas mais jovens da escola? Isso sem mencionar que o mesmo tinha o sonho de representar, ou seja, atuar como ator nas peças de teatro. Sabe o aprendemos com isso? Que todos nós temos necessidade de aceitação. O conto conhecido como "O Patinho Feio" talvez seja o reflexo da dificuldade de auto aceitação para consigo mesmo. Em se tratando do autor Ubiratan Rodrigues Coelho de Lima, cujo pseudônimo é Stuart William Van Pelt, podemos observar que em seus contos infanto-juvenis, a maioria dos protagonistas são meninas. Certa vez ele disse à sua psicóloga o motivo pelo qual a maioria de seus personagens principais eram garotas. Em suas palavras, ele dizia: "Para mim, a natureza feminina é muito mais interessante do que a natureza masculina. Não estou dizendo com isso que tal natureza seja superior ou inferior, apenas acho mais interessante." É bem provável que haja uma segunda razão pela qual o autor introduz personagens do sexo feminino em suas obras. A possível explicação reside no fato de autor possuir um carinho muito grande por sua mãe adotiva, isso sem considerar que o autor sempre dormiu com ela, porém, sem segundas intenções, é claro. E porque a maioria dessas personagens protagonistas são tão meigas e inocentes ao mesmo tempo? Embora o temperamento do autor seja um tanto quanto forte, sua natureza é de característica passiva. Segundo o mesmo, ele diz que não gosta da ideia de o protagonista, independentemente de ser homem ou mulher, menino ou menina, ser sempre o "centro das atenções". Certa vez, seu amigo Marcos Coelho, um artista e também contemporâneo escritor, após ter lido o conto infanto-juvenil "Simone na Terra dos Girassóis", disse a ele: "A Simone não é a protagonista da estória, pois ela é a que menos aparece". Ao invés de ficar aborrecido, Ubiratan apenas aceitou a opinião do amigo e explicou o porquê de ter criado uma personagem pouco ativa na estória. Outra explicação plausível que nos leva à compreensão desse fator é o fato de o autor dedicar a maior parte de seu tempo refletindo sobre a vida e  seus dilemas.  No tempo em que o Ubiratan estava lecionando na Escola Municipal Getúlio Vargas, em uma conversa com a diretora sobre a organização e o controle dos alunos da sala de aula, ele disse sem titubear: "Eu sou um BANANA! Eu não tenho moral para gritar ou repreender esses alunos. Não posso, e nem quero forçar ninguém a nada". É certo que a diretora da escola ficou escandalizada com tais palavras, no entanto, admirou a coragem do professor ao ter dito que não tinha pulso firme para colocar a situação em ordem. Na obra "A Menina que amava o Diabo", vemos uma garota com uma natureza contraditória, pois ela demonstra uma natureza pacífica quando está diante dos seus familiares, porém, sua natureza se mostra um tanto quanto maléfica e "traquina" (problemática), quando está sozinha. E o que dizer da protagonista do livro "O Código da Fantasia"? Lara, a personagem principal, possui uma natureza tal qual a natureza do autor, uma natureza pacífica, porém questionadora. No tempo em que o autor estava se dedicando às primeiras páginas do romance ele estava alimentando uma grande simpatia pelo mundo do xadrez. Não foi à toa que no romance, quando Lara acessa o mundo subterrâneo, tal qual Alice entra pela toca do coelho (referência literária), ela depara-se com todas as peças de um tabuleiro de xadrez, porém de tamanho gigante. Glácius, o rei da cidade de gelo, nada mais é do que uma representação do estado de espírito no qual o autor se encontrava, pois na época em que estava escrevendo o romance o autor estava com uma depressão profunda a ponto de ter ideações suicidas. As baratas que aparecem no início da estória representam o contato que o autor tinha com elas, pois sua casa sempre foi empesteada por pragas urbanas, tais como ratos, formigas e grilos. Ademais destes pequenos detalhes, Lara se destaca por ter uma mania chamada "aritmomania" (mania de contar as coisas). Isso sem falar que a mesma tem o costume de inventar palavrões de uma maneira mais descontraída, como, por exemplo: "Carambolas", "Pena de urubu", "Tijolo de alvenaria", "Pipoca amanteigada", etc. Este pequeno detalhe é uma representação simbólica dos primeiros sintomas de esquizofrenia que apareceram na vida do autor, pois aos dezesseis anos de anos, o mesmo ouvia vozes internas que proferiam blasfêmias e xingamentos contra Deus. Segundo o autor, ele não aguentava ouvir aquelas vozes, pois sentia-se como se ele mesmo estivesse ofendendo a Santidade Divina. Certa vez, ele pediu oração ao pastor da igreja a qual frequentava. Em suas palavras, ele dizia: " Pastor! Por favor, ore por mim. Eu escuto vozes que dizem que Deus é puto, que Deus é uma desgraça. E às vezes, essas vozes até mandam Deus ir tomar no cu". O pastor fez uma oração como se alguma força maligna estivesse tomando conta de sua mente. Anos mais tarde, precisamente no ano de 2017, o autor recebeu um diagnóstico atestando ser esquizofrênico. É certo que ele demorou muito tempo para aceitar o diagnóstico e encarar o tratamento como uma das formas de melhorar sua condição de saúde mental. Apesar do fato de que muito antes de receber o diagnóstico o autor já escrevesse como um escritor, essa notícia o impulsionou a dedicar-se mais ainda à escrita, pois segundo ele próprio, era a única coisa que ele sabia fazer de melhor. Seu primeiro romance escrito, porém não publicado, foi "Diário de um Suicida", que conta a história de um adolescente que tem uma vida normal, até o momento em que problemas familiares começam a aparecer. Fazendo uma comparação da obra com as obras mais recentes, é possível perceber o quão raso é o enredo e o quão superficial são os diálogos, pois no ano de 2024, o próprio autor falou a respeito de si mesmo: "Tenho certeza que eu morreria de vergonha se eu publicasse esse romance, pois quando eu tinha apenas 16 anos, eu só tinha a boa vontade de escrever, mas ainda não tinha as habilidades necessárias que todo bom escritor precisa ter. Talvez eu reescreva esse romance algum dia e talvez o publique". O primeiro conto infanto-junil que o autor escrevera foi "O Menino e o Jardim", que mais tarde acabou se perdendo, pois a maioria dos notebooks que o autor possuía tiveram problemas técnicos chegando assim a não funcionarem mais. Neste conto, um menino  que mora na zona rural conhece uma menina na escola por quem alimenta um amor platônico - (AVISO - Spoiler!). No entanto, a menina acaba morrendo no final da estória. O menino vai ao velório para despedir-se de sua amada levando assim uma flor, que por coincidência ou por pura intensão tinha o mesmo nome da ,menina. O nome da flor era Margarida. É óbvio que o conto por si só possuía uma escrita tecnicamente superficial, pois nesta época o autor ainda estava começando a redigir seus primeiros textos e escrever ficção até aquele momento não era bem a "praia" dele. Os primeiros textos redigidos pelo autor foram os seus primeiros poemas. Por mais atual que fosse a temática do amor, Ubiratan dificilmente escrevia sobre tal assunto, pois não se dedicara a tal função ou não tinha sido influenciado de forma romântica a discorrer sobre a temática, pois sempre se considerou um verdadeiro azarado (caipora) no amor, tanto é que suas duas primeiras namoradas o traíram. Mais tarde, precisamente no ano de 2016, ele escreve seu segundo romance, também com uma linguagem tecnicamente superficial. "Inimigos do Perdão" era o título que dava nome à sua segunda obra. Desta vez, o autor estava demasiadamente influenciado por teorias da conspiração, pois naquela época, os DVD's do "Prepa-se!" estavam sendo pirateados e espalhados em grande quantidade. Dentre as teorias da conspiração situava-se o fato de adeptos do satanismo sacrificarem crianças em troca de fama e poder (o que não é de todo uma mentira). Neste mesmo período também apareceram vários pseudopastores afirmando de forma veemente que viram o diabo e outros demônios e outras coisas que estouram os tímpanos de tantas mentiras que tais pregadores inventaram. Não tendo o discernimento para saber diferenciar o que estava de fato coerente ou não, o autor deixou-se ludibriar, ficando assim encantado com as lorotas desses cães gulosos que se sustentam à base de fantasia. Isso sem se falar que seus amigos da mesma igreja, deixaram-se influenciar pelo livro da ficcionista Mary Baxter, que publicou "A Divina Revelação do Inferno", livro este que vendeu mais de 600 mil exemplares, e também o livro "A Divina Revelação do Céu", que também vendeu mais de 600 mil exemplares. Dá pra imaginar o quanto é possível lucrar vendendo fantasias provenientes da imaginação humana sob a forma de "verdades absolutas"?. Para entendermos mais um pouco sobre a mente do autor, é necessário informar de que o mesmo teve Síndrome de Diógenes, que é um distúrbio de comportamento que leva a pessoa a ter o hábito do colecionismo. Durante esse período de perturbação mental, o autor começou a colecionar desde fios de cobre até pedaços de latinhas de refrigerante. Certa vez, num dia de Domingo, ele foi ao cais da cidade e começou a procurar por objetos, por mais simples que fossem, desde bocais de canetas até tampinhas de garrafa de cerveja. Sua mãe adotiva teve que ir buscá-lo para levá-lo para casa. Acredita-se que tal comportamento se originou através da coleção de arquivos que Ubiratan guardava em seu notebook, ou talvez tenha alguma ligação com algum trauma, como por exemplo, o trauma religioso pelo qual passou duramente. A intenção do autor, era inventar algo no mundo do lúdico, ou seja, na área pedagógica que auxiliava o processo em que a criança brinca e aprende por meio da brincadeira. A única coisa que conseguiu inventar, se é que já existe, foi o dado sensorial, um dado feito de madeira, pintado de esmalte vermelho. que possuía parafusos indicando a quantidade de cada lado. O relevo dos parafusos fazia com que o portador de necessidades especiais consiguisse brincar descobrindo assim o número correspondente a cada lado do objeto. Voltando à questão básica do porquê de a maioria dos personagens do autor serem crianças, para tal pergunta o mesmo diz que: "Todos os personagens infantis de minhas estórias são um reflexo da saudade que eu sinto da minha infância, pois daria tudo para voltar a esse tempo". Ademais disso, também existe uma outra temática que é bastante explorada pelo autor em suas obras. Na obra "O Código da Fantasia", Karin, a personagem que cria o mundo fictício de Lara acaba tendo um sonho cheio de bizarrices e coisas belas ao mesmo tempo, significando assim, que a alma de Karin estava dividida pela obscuridade que vivia e pelo consolo que sentia todas as vezes que escrevia seu belo livro. Outra curiosidade bastante interessante é o fato do autor ter consumido pornografia durante 20 anos. Ele afirma que: "A pornografia só me serviu para descrever as cenas demasiadamente eróticas e bizarras". No livro "Eleven", o primeiro capítulo é inaugurado com uma cena picante de sexo entre um casal heterossexual. Embora os conteúdos adultos tenham causado danos irreparáveis ao autor, tais cenas lhe serviram de inspiração para criar um ambiente semelhante aos best-sellers de romance erótico. A linguagem pornográfica, isto é, os xingamentos e a linguagem pejorativamente pesada também são característicos do autor. Para ele, os xingamentos dão aquela "pitada" de realismo à ficção, tornando assim os personagens mais realistas. Obviamente isso não se aplica a todas as obras do autor, porém, em se tratando de uma literatura mais adulta, a linguagem forte e pesada deixa as marcas na alma de qualquer leitor. Quando ele escreveu o conto infanto-juvenil, Simone na Terra dos Girassóis, sua intenção a princípio era representar o amor que sua mãe adotiva (Joana Nolêto) sente pelas plantas, considerando que a protagonista da ficção (Simone), vive em uma terra mágica chamada "Girassolândia". Nem é preciso dizer quais as flores que existiam nesse lugar. Aliás, a obra está repleta de canções infantis, dentre as quais, a primeira que é apresentada no capítulo um não é de sua autoria, pois trata-se de um exercício vocal para aperfeiçoar a capacidade de cantar e também a capacidade de pronunciar as palavras (dicção). Seu amigo, Marcos Coelho, disse que gostou bastante da obra, o que deixou o autor muito contente. Ubiratan sempre carregou consigo uma filosofia, que afirma seu compromisso para com o leitor. Em suas palavras, ele afirma: "Um livro tem que ser, para mim, no mínimo, interessante, e no máximo, surpreendente". Através desta citação podemos ver o quão rigoroso o autor é para consigo mesmo. Perfeccionista, exigente, porém, equilibrado, Ubiratan sempre teve uma ambição literária, tanto pelo fato de amar livros, quanto pelo fato de escrevê-los. Suas muitas frases de efeito também estão presentes em suas obras, como por exemplo, na obra "O Nome do Mal", uma obra do gênero Dark Fantasy, que narra a estória de uma menina esquizofrênica de apenas doze anos, que tenta descobrir uma maneira de sair daquele universo aparentemente infinito cujas criaturas são criadas, tal qual as pinturas de um célebre artista. Uma das frases que mais impactam o leitor é a frase onde a Borboleta (personagem que auxilia a protagonista em sua jornada), diz para a personagem principal: "A sua vitória só será garantida, quando a sua vontade de vencer for tão grande quanto o seu medo de lutar". É claro que os tipos de frases de Ubiratan não têm nenhum compromisso com a filosofia do coach (desenvolvimento pessoal). No entanto, suas frases vão muito além de um mero impacto ou até mesmo de uma mera impressão agradável. Ele sempre acreditou que sua criatividade sempre decorreu de seu relacionamento com Deus, sua família, e com o mundo. Obviamente nem é preciso qual dos três foi cruel com ele (Spoiler = O Mundo). No entanto, ele procurou absorver todas as coisas positivas e negativas que tem vivenciado no intuito de aperfeiçoar sua escrita. Os mistérios também estão presentes em suas obras, como por exemplo, o que o coelho Raimundo escondia do pato reverendo? Porque Seneco, o agricultor, não queria em hipótese alguma usar um machado?, ou, como era a vida de Karin antes de começar a escrever seu livro, que mais tarde se tornaria um dos livros mais vendidos do mundo? Também existem outros mistérios por trás de suas obras, porém, deixaremos você só na vontade. Certamente não poderíamos deixar de falar sobre as polêmicas, afinal de contas, um de seus livros que mais causará ou já causou escândalo aos leitores é a obra "Eleven", que parece ser uma mistura de 1984 com 50 tons de cinza. Ele já sabia que seu livro se tornaria um dos mais vendidos, não pelo fato de ser um livro bem escrito, mas pelo fato de ser um livro bizarramente assustador, pois trata-se de uma obra onde a depravação e a santidade são misturadas na mesma "taça de vinho". Isto se deve ao fato do longo período recheado de abusos de autoridade e alienação, os quais infelizmente vivenciou no decorrer do tempo. Ubiratan disse: "Eu só lamento por ter perdido tanto tempo com falsas doutrinas e falsos dogmas provenientes da natureza humana. Minha natureza humana chegou a tal ponto em que não fui mais capaz de suportar. E o que mais me doía, era o fato de ver meus irmãos adoecendo através de uma "falsa santidade" disfarçada de narcisismo, o que por si só já é algo doentio. Reconheço que machuquei muitas pessoas por acreditar que tais mentiras eram verdades absolutas, mas hoje me sinto livre, pois Cristo é o meu único mediador entre Deus e os homens". Isso também serviu de material filosófico para aperfeiçoar sua escrita, pois em sua obra, ele descreve um mundo totalmente corrompido, cercado por falsos religiosos, que governam o país de mãos dadas com um sistema político corrupto. Embora tal romance esteja dentro apenas da ficção, isso não altera e nem tampouco invalida a sua relevância literária e assertividade contemporânea, pois de todas as suas obras, ele acredita que esta pode ser a que mais promova a conscientização moral, política e religiosa do leitor. Deste modo, fica claro que é possível fazer revolução apenas com a literatura. Obviamente nenhum escritor é dono da verdade. Com isso, vemos que existe uma certa vaidade dentro de cada escritor. No entanto, a paixão pela escrita deve transcender o desejo pelos aplausos. Ser um autor bem-sucedido vai muito mais além do que ser só mais um nome na Academia Brasileira de Letras. Como dizia o apóstolo Paulo em sua epístola aos coríntios: "Se não eu tiver amor, eu nada seria". Esta simples frase já bota no chinelo todas as obras produzidas pelo autor. No entanto, é preciso entender que escrever um livro é um processo árduo, que requer compromisso, paixão, dedicação e sobretudo, humildade. Seria muito bom se todo autor tivesse em mente que suas obras são como "gotas no meio do oceano". Entendeu o que significa? Significa que cada obra tem o seu devido espaço neste mundo em que vivemos, e que por mais incríveis que sejam tais obras, elas continuarão sendo apenas "gotas no oceano". O livro mais vendido no mundo inteiro é a Bíblia Sagrada, e mesmo que todos os autores da Bíblia estivessem vivos em nosso dias atuais eles certamente não estariam com o ego lá no alto, pois sua missão não era ficarem famosos através de seus manuscritos e sim ajudar as pessoas nesta jornada que chamamos de vida. Outra perspectiva bastante interessante que nos chama a atenção em sua estilística é a naturalidade por meio da qual Ubiratan escreve os diálogos entre seus personagens. Apesar de ter começado como um simples escritor amador, ele já possuía uma grande habilidade para criar diálogos que despertassem no leitor curiosidade e admiração. De fato, existem muito livros que possuem um ótimo enredo, porém, os diálogos deixam a desejar. É claro quem nem só de diálogos vivem os personagens de uma obra, no entanto, a linguagem por si só é uma grande característica de uma boa narrativa, a não ser, é claro, que a estória seja apenas com personagens mudos. Evidentemente, a linguagem verbal não é único recurso a ser usado por um escritor, pois dependendo de sua habilidade, ele pode escrever um capítulo inteiro com personagens que se comunicam apenas com o corpo. Na língua portuguesa essa linguagem é chamada de linguagem não-verbal. Contudo, a maioria de nós, senão todos, temos a linguagem mista, onde falamos não apenas com a boca, como também nos expressamos por meio do corpo humano. Sem dúvida, é muito difícil descrever todos os detalhes possíveis em uma cena apenas. Isto porquê existem milhões de células ativas e milhões de células morrendo ao mesmo tempo. Por mais bem detalhada que uma cena ou até mesmo o capítulo de um livro seja, o escritor sempre deixará uma lacuna a ser preenchida pelo leitor, pois os leitores mais críticos sabem muito bem onde encontrar uma simples falha, por mais minuciosa e irrelevante que seja. Ainda bem que não dá para agradar a todos, pois se tal afirmação fosse uma realidade haveria um único público e um único escritor prestigiado. "A graça está justamente aí", disse o autor Ubiratan, "Se todos tivessem os mesmos gostos, as mesmas opiniões, as mesmas experiências e os mesmos sofrimentos, certamente o mundo seria uma bosta, pois todo mundo seria como a xerox de uma folha em branco. Ninguém teria nada para compartilhar, pois todos já saberiam das mesmas coisas". Existem aquelas pessoas que dedicam anos e anos de sua vida estudando e analisando as obras de determinado autor. Obviamente este texto não é uma exceção. Porém, tal ambição pode tornar-se um hábito nocivo, pois isso pode atrapalhar o especialista de ter uma experiência melhor como um escritor, a menos que tal pessoa seja apenas uma pessoa dedicada a escrever sobre célebres obras de determinados escritores que fizeram sucesso em sua época. Aos 14 anos, Ubiratan fez aulas de violão, onde apaixonou-se pelas seis cordas do violão. Houve um tempo em que ele desistira da ideia de tocar e de fazer suas composições melodramáticas. A verdade é que ele era muito imaturo e inexperiente para fazer uma bela composição. Seus amigos riam dele pelo fato de suas composições serem ridículas. No entanto, uma de suas composições fizera sucesso entre seus amigos, uma composição de apenas 5 notas (acordes), chamada "Como é que eu vou te amar?". Por incrível que pareça, a composição possuía apenas duas estrofes formadas por quatro versos. A letra da música era assim:

🎵Como é que eu vou te amar
se você não me ama
mesmo assim eu vou te esperar
mas você só me engana

Como é que eu posso estar bem
se estou bem longe de você
no entanto, saibas, meu bem
que sem ti não consigo viver🎵

    Nem é preciso dizer quanta vergonha Ubiratan passou diante de seus amigos por causa dessa composição. Havia outros títulos inusitados que falavam sobre loucura, bizarrices e outros assuntos desconexos. O sonho do autor era tornar-se um cantor famoso, pois sentia-se profundamente inspirado pelas composições de Renato Russo, cantor da banda Legião Urbana. Com o tempo, ele havia desistido da ideia, pois sabia muito bem que não tinha condições sequer para comprar um microfone, quanto menos a possibilidade de formar uma banda de rock com seus amigos sonhadores. Renato, Israel, Anderson e Álvaro eram seus colegas de escola. Havia muitas brincadeiras pejorativas e conversas paralelas. Jovens normais, sedentos por sexo, como a maioria dos adolescentes de hoje, estabeleceram vínculos de amizade através do vários anos de companheirismo. Após certa idade, Ubiratan cometeu um erro do qual arrependera-se amargamente, pois ele havia abandonado seu então melhor amigo daquela época, Álvaro Filipe. Antes de Álvaro entrar no oitavo ano, que era o último ano do Ensino Fundamental naquela época, Ubiratan era considerado o mais esperto da sala de aula. No entanto, após a chegada de seu amigo, ele passou a ser o segundo mais esperto. Mesmo assim, isso não era motivo para disputas, pois ambos davam-se muito bem. Durante o período do vestibular, Ubiratan intrigou-se por causa de uma brincadeira feita pelo amigo e por outro colega (Kleyton). Sua mãe adotiva o obrigou a reestabelecer os vínculos de amizade com Álvaro. A professora Flávia, que era a professora de artes naquela época, pediu aos alunos para que apresentassem um peça teatral. Cada grupo recebeu um tema diferente. O grupo do qual Ubiratan participava recebeu a temática das advinhas e das cantigas de roda. Álvaro, muito mais esperto do que Ubiratan, criou um mini roteiro com diálogos engraçados onde os personagens estavam em um bar bebendo e conversando de forma bem caipira. Obviamente a interpretação dos personagens causou risadas nos demais colegas da sala de aula. Kleyton, fazia o papel do garçom, que além de servir as bebidas instigava os amigos com advinhas e parlendas. No final da peça, todos saíam cantando a música "pirulito que bate-bate" abraçados uns aos outros. Sem dúvida tal apresentação despertou aplausos. Este acontecimento também despertara o interesse do autor pela escrita e também pela criação de diálogos. Existem mecânicas que são bem elaboradas em suas obras fictícias. Temos como referência a obra já citada neste artigo, intitulada "O Código da Fantasia". Nesta mesma obra, a doce e delicada personagem Lara tenta descobrir a senha de cada um dos cofres de modelo antigo. Para tal façanha, ela anda pela cidade dos espelhos quebrados em busca de pistas no intuito de abrir os cofres e descobrir o segredo desejado. Essa espécie de investigação minuciosa também é devidamente mostrada quando Lara está no mundo subterrâneo e precisa abrir as cento e uma portas para descobrir algo assustadoramente misterioso. O autor também nos revela a preciosa lição de cumplicidade e companheirismo, pois em "O Código da Fantasia", Lara cria vínculos com um gambá, um asno, um escorpião, um vagalume e outros personagens amigáveis. Olhando por esta perspectiva, vemos a mensagem que o autor deseja passar nas entrelinhas, como a moral de que ninguém é autossuficiente ou de que ninguém pode fazer nada sozinho. E você acha por acaso que é mera coincidência? No romance "A Menina que amava o Diabo", Sara, a personagem principal da trama, necessita das instruções de doze demônios para cumprir sua missão maquiavélica. No conto "Simone na Terra dos Girassóis", Simone conta com a ajuda de um coelho, um morango que fala, um agricultor com um jeitão caipira, e um urso de pelúcia. Durante a narrativa, ela precisa da ajuda de seus amigos para juntos poderem realizar o casamento do sapo Edgar e Matilda. Pois é, se você quiser saber mais, sugiro que compre o livro. Brincadeiras à parte, a ideia de amizade é bem presente nas obras do autor, pois reflete a sua necessidade pessoal de amigos verdadeiros e também reflete os bons amigos que fez durante a vida toda. O autor sempre defendeu uma escrita em escala crescente, ou seja, uma narrativa que vai envolvendo o leitor cada vez mais a cada capítulo. Ele concordou com seu amigo Marcos Coelho, pois ele disse a ele: "Isso pode ser perigoso para o escritor, porque em alguma parte do livro, seja ele qual for, sempre vai deixar a desejar". Outro grande artista e escritor que se tornou bastante importante para o seu desenvolvimento foi o escritor Adelmo Marcos. Suas videoconferências através do Google Meet estimularam o autor a aprofundar sua análise a respeito de si mesmo. Apesar de ter tido alguns desentendimentos com o escritor Adelmo, Ubiratan se retratou e pediu desculpas ao escritor por ter agido de maneira frívola e deselegante. Para Ubiratan, Adelmo é como um ancião de uma tribo, cuja função é instruir as crianças das quais serão os futuros nômades e guerreiros da tribo. Entretanto, a vida não é feita apenas de cores. Durante um certo período, o autor recebera muitos golpes de pessoas cujo caráter era dúbio. Um de seus primeiros trabalhos prestados foram as aulas de violão que dera. Sabendo que não iria receber o pagamento, o autor intrigou-se com a mãe do aluno a ponto mesmo sabendo que era um cristão e que a mãe de seu aluno frequentava a mesma igreja que ele. Com o tempo, a mágoa se passara, e o coração apaziguou-se. Ambos passaram a se dar bem. Outro golpe duro que o autor levou foi o fato de ter sido contratado por um escritor de seu bairro, no intuito de escrever um livro para ele. O autor escreveu o livro por completo, fazendo a capa, o prefácio, a biografia do autor, e as considerações finais. No final das contas o escritor que o contratara não lhe pagara um tostão. Mais tarde, seu filho lhe dera um valor mínimo pelo serviço prestado. E você acha que acaba por aqui? No tempo em que Ubiratan estava cursando violão no teatro Maria Bonita, uma artista e compositora contratou seu serviço. A função era criar um canal de podcast para ela com as músicas que ela havia gravado. No final das contas mais uma vez o autor se deu mal. A artista e compositora não lhe pagou nenhum centavo. No tempo em que Ubiratan estava apresentando seu programa de webrádio semanal, um pastor e líder de um centro de reabilitação o contratara para apresentar um programa de webrádio que fosse de sua própria instituição. O combinado era apresentar todos os Domingos e o líder pagaria o valor de trezentos reais por mês. E por acaso você acha que foi diferente? Nenhum dinheiro. Nenhum pagamento. Ubiratan procurou entrar em contato com o pastor mas ninguém o atendera. No entanto, o golpe mais terrível de todos foi o golpe que recebera de um parente de sua própria família biológica, pois após a morte de sua mãe de sangue, uma casa ficou de herança para ele e também para o seu irmão mais novo. Como Ubiratan já estava morando com sua família adotiva não havia necessidade de morar na outra casa. Sendo assim, o parente do autor ofereceu-se para cuidar da casa e alugá-la pelo devido valor. Durante alguns anos o autor e seu irmão biológico receberam os valores referentes ao aluguel da residência. Depois de muito tempo, o autor fora até a localidade onde a casa se encontrava e descobrira por boca de terceiros que a residência havia sido vendida sem a devida autorização, tanto da parte do autor quanto da parte de seu irmão mais novo. Depois de certo tempo, o parente do autor estabeleceu um acordo, onde iria restituir os valores mensalmente. A casa fora vendida por 36.000 R$ (trinta e seis mil reais). Em suas palavras, o autor disse: "Eu nunca poderia imaginar que alguém da minha própria família seria capaz de me roubar, ainda mais sabendo da minha condição, pois não arrumo emprego, e ainda sofro devido a uma doença mental". O autor dissera a sua mãe que iria matar o parente quando o pegasse de surpresa. No entanto, Ubiratan arrependera-se de tal crueldade e pediu perdão a Deus com lágrimas e orações. Hoje em dia os dois se comunicam de forma amistosa e respeitável. Seu irmão biológico também havia planejado fazer atrocidades com o mesmo. No entanto, Ubiratan aconselhou-lhe a não fazer nada,. pois somente Deus teria o poder de decretar a devida sentença sobre o mesmo. Embora a traição não seja tão retratada em seus livros, isso porque o autor não se sente muito confortável em fazê-lo, pois trata-se de um hábito que deixa feridas abertas. Certa vez, Adelmo lhe dissera: "Não é fácil falar sobre si mesmo". Talvez você se pergunte contradizendo tal afirmação: "Então, porque a cada dia, mais e mais pessoas expõem suas vidas nas redes sociais?". É necessário compreender as palavras do autor, pois quando o mesmo diz que é difícil falar sobre si, certamente ele está se referindo ao fato de expor as próprias mágoas, os sofrimentos, os preconceitos, as atrocidades que cometeu, o ego insaciável, as compulsões, e as frustrações da vida. Obviamente, é muito fácil falar sobre os sucessos e as vitórias decorrentes da própria vida. No entanto, toda pessoa, independentemente se sua etnia, classe, posição social, cor ou orientação sexual certamente já passou pelas tempestades turbulentas da vida. Certa vez, Ubiratan disse: "Quando eu era um adolescente imaturo e egocêntrico, eu achava que a vida era uma peça teatral, e que eu era o protagonista dessa peça. Também pensava comigo mesmo: "Eu nunca vou adoecer". Que grande idiota eu era! Joguei fora milhares de oportunidades, e aqui estou eu, com o corpo cansado e a mente cheia de dúvidas". 

    Bom, pessoal! Infelizmente chegamos ao fim. Evidentemente nem todas as coisas foram reveladas a respeito do autor, mas acredito que se você chegou até aqui, então com certeza deve estar satisfeito com os detalhes a respeito do mesmo. Agradecemos por ter lido este artigo.





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