O Teatro da Vida - [Texto para Reflexão]

 

    A vida sempre requer algo de nós. Às vezes ela nos pede um pouco mais de amor. Em outros casos, ela pede um pouquinho mais de coerência ética. Nossos antepassados costumavam dizer: “A gente tem que dançar conforme a música toca”. No entanto sabemos que a realidade não é exatamente assim, pois existem momentos cruciais em que não conseguimos acompanhar o ritmo da ‘música’. É aí que se encontra a verdadeira contradição, uma vez que cada pessoa tem o seu próprio modo de viver, agir e pensar. Certa vez, meu ex-psicólogo me deu um ‘choque’ de realidade pura. Eu estava tão anestesiado pela soberba que eu mesmo não me dei conta de que eu estava errado, e o pior de tudo, é que eu não derramei uma lágrima sequer.

O doutor me disse: “Nem parece que você está arrependido”. E eu simplesmente falei: “Eu não sei fingir, doutor!”. Depois ele me disse: “Isso é bom! Sinal de que você está sendo sincero comigo.” Só depois de vários e vários tombos foi que eu percebi que as coisas não são como a gente idealiza. Eu, sendo um jovem insensato, acreditava que o mundo era meu por direito, e que não lhe devia satisfação alguma. Querendo ou não, nós acabamos causando certo prejuízo a alguma coisa. A partir do momento em que eu tomei consciência de meus atos foi que eu percebi que eu deveria ter mais cuidado. Mas, afinal de contas, mais de cuidado de quê? 

É preciso ter cuidado para não sair machucando todo mundo. É preciso ter cuidado para não se tornar uma pessoa medíocre. É preciso cuidado para não deixar-se enganar por qualquer bobagem deliciosamente dita. É preciso ter cuidado! Por isso eu comparo a vida a um teatro. A anunciação da apresentação simboliza o nascimento, isto é, o momento que chegamos a teste mundo. A apresentação é momento presente no qual a vida vai se passando. O triste é saber que poucas pessoas se dão conta de que o ‘espetáculo’ vai se passando. E o momento dos agradecimentos, que é onde o público costuma aplaudir os artistas que estão no palco.

Infelizmente, esta é a parte mais triste, pois é onde vida termina e nem sempre temos um ‘público’ para nos aplaudir de pé por tudo aquilo que fizemos em vida. Estes são os três momentos do teatro da vida: a anunciação, a apresentação e os agradecimentos.