A JOGADA FINAL - [MICROCONTO]

 

   
      Os olhos de ambas estavam voltados para o tabuleiro. Enquanto Rebeca esperava sua vez, Priscila projetava em sua mente fresquinha algum lance que colocasse a reputação de sua adversária a prêmio. Passados alguns minutos, ela moveu o Cavalo ameaçando o Rei e a Torre de Rebeca ao mesmo tempo. A pobre menina sentiu-se como se estivesse em um poço profundo. Mesmo assim, ela respirou fundo e manteve a concentração. Olhando bem de perto para as suas peças, ela lembrou-se dos momentos nos quais jogava xadrez com sua irmã paraplégica.
    Seu coração abrandou-se e ela conseguiu imaginar quais seriam as possibilidades de sair dessa enrascada. Foi então que a menina lembrou-se de que ela poderia fazer o Roque. Os olhos de Priscila estavam vidrados em Rebeca, como se ela fosse uma inimiga mortal. Depois de fazer o Roque, o Rei de Priscila ficou exposto sendo assim ameaçado pela Torre. Vendo que não havia mais nenhuma chance de defender o seu Rei, ela deixou-se tomar pela fúria e passou o braço por todas as peças do tabuleiro fazendo-as caírem ao chão. Olhando para os olhos meigos de Rebeca, ela lhe fez a seguinte pergunta: "Porque você não disse xeque-mate?". Rebeca, com uma voz tranquila e serena, respondeu: "Porque não havia necessidade!". Então Priscila começou a chorar copiosamente. Rebeca, comovida com o choro da menina disse a ela: "Uma boa jogadora aceita as suas derrotas. Qualquer pessoa pode perder no xadrez. Mas o que mais importa, não é o momento em que você diz xeque-mate, e sim a lição que você tirou da partida". 
   Priscila, enquanto enxugava as lágrimas, perguntou para Rebeca: "Você não vai zombar de mim?". Rebeca respondeu: "Claro que não. Porque vencer e perder faz parte da vida". Priscila sentiu-se aliviada e sorriu para Rebeca. Aproveitando a ocasião Rebeca a convidou para jogar mais uma partida: "Quer jogar mais uma vez?". Priscila sorriu positivamente para Rebeca.

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